Um despertar emocional a partir das experiências nas Blue Zones

01/07/2024

Na busca sobre “os segredos da longevidade” constantemente nos deparamos não apenas com fatores multifatoriais e com a possibilidade de mudança de curso do envelhecimento através de hábitos e estilo de vida, mas também com a já conhecida e “SIMPLES” importância dos vínculos afetivos.

Há 85 anos, a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conduz o mais longo estudo científico sobre felicidade da história. O “Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto” começou em 1938 com cerca de 700 adolescentes. Alguns deles eram estudantes de Harvard, outros viviam nos bairros mais pobres de Boston.

Este estudo demonstra há mais de 80 anos que o impacto dos vínculos afetivos de confiança é mais significativo e relevante do que indicadores de saúde física, como pressão arterial e glicose para a saúde. Então por que não estamos focando mais nisso?

O estudo assim como o documentário sobre as blue zones indica explicitamente a correlação direta entre longevidade e um senso de pertencimento, de comunidade, engajamento social ou se quisermos simplificar sobre a importância das relações ao longo dos anos.

Há alguns anos a geriatria e a gerontologia caminham para falar sobre esse aspecto nos principais documentos e manuais, tal qual como a construção de um “capital emocional”. Pois é disso que se trata, construir, intencionalmente, relações e adotar como um estilo de vida e persistência pela manutenção e aprofundamentos de vínculos.

Um tremendo desafio frente a uma sociedade de ritmo tão acelerado, relações tão efêmeras e transitórias e sob o constante apelo pelo estético, nesse sentido a valorização de parecer acima do efetivo senso de ser. Pecamos em não valorizar o essencial e em exaltar opiniões e comentário de pseudo especialistas ao invés de pessoas que estudam e trabalham nos campos de conhecimento. Enquanto houver a primazia do estético estaremos condenados à falta de suporte familiar, escassez de amigos (solidão e isolamento) e seguiremos desperdiçando anos de anos vida.

Talvez seja um bom momento para revisar as relações familiares, praticar o perdão, principalmente para ser perdoado e quem sabe considerar com mais carinho estabelecer trocas intencionais com as pessoas. Ah! E claro, dizer mais “eu te amo”, “sinto a tua falta” e “como é bom ter você na minha vida”. Fiquem bem e abraços.

Referências
Buettner D. Blue Zones: Lessons for Living From the People Who’ve Lived the Logrst. Washington, DC: National Geographic Society; 2008.
Buettner D. Blue Zones Solution: Eating and Living Like the World’s Healthiest People.Washington, DC: National Geographic Society; 2015.

Texto: Wallace Hetmanek
Psicólogo – Especialista em Gerontologia pela SBGG